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quarta-feira, 15 de maio de 2013

Rio de Janeiro: Relatório da Celebração dos 30 anos dos Agentes de Pastoral Negros


Em nome dos APNs do Rio de Janeiro, da Coordenação Nacional de Fé, Política e Diálogo Interreligioso e da Coordenação Nacional de Mulheres APNs enviamos aos malungos e malungas de todo o Brasil, um breve relatório da celebração dos 30 anos dos APNs, ocorrida em Maceió e na Serra da Barriga, no Estado do Alagoas.

A delegação do Rio de Janeiro esteve presente com 22 representantes de 7 mocambos (Seropédica, Nova Iguaçu, Mesquita, Comendador Soares, Zona Oeste RJ, Médio Paraíba e São João de Meriti). Agradecemos a recepção no translado na ida e volta para o aeroporto e rodovias, assim como destacamos a responsabilidade com a organização do evento. Mais uma vez parabenizamos o quilombo de Alagoas pelo empenho na celebração dos 30 anos APNs.

Quanto aos participantes, damos nota 10 para a juventude presente; nota 10 para aqueles APNs que ficaram o tempo inteiro com o grupo; nota 10 pela participação dos parlamentares e gestores (deputados, vereadores, ministra, governador, representantes dos prefeitos e Universidades); nota 10 para o coordenador nacional, que acreditou e articulou as comemorações dos 30 anos APNs.

As mesas expositivas foram de alto nível, deixando para cada um de nós, a responsabilidade de sermos multiplicadores da boa nova que se abre com novas perspectivas para os APNs. A mensagem de cada fala, podemos resumir: “Temos de ter um olhar para a Educação, um olhar que possa construir novos instrumentos de mudanças e inclusão de fato e de direito da população negra em todos os ambientes”. Como disse muito bem o conferencista Guilhermo: “ Não temos outro instrumento, só a Educação vai construir um mundo mais justo, humano e igualitário”. Destacamos, também a fala da Ministra Luiza Bairros, que ressaltou a importância das conferências e suas interfaces. 

Destacamos a recepção à Coordenação Nacional no Palácio do Governo de Alagoas e, a importância da entrega da Carta de Intenções ao Senhor Governador interino Fernando Toledo, que prontamente assumiu os compromissos com a execução das reivindicações sugeridas na carta.

Nossa ida à Serra da Barriga, onde tudo começou. Subir a Serra, refletir sobre a importância de estar lá... Foi muito emocionante; como disse um companheiro nosso: “O quilombo dos Palmares deveria estar para o povo negro como Meca está para os muçulmanos, ou seja, deveríamos visitar Palmares pelo menos uma vez”.

A chegada ao platô da Serra nos fez sentir as vibrações dos orixás, conhecer cada ponto de vibração (Baobá, Lagoa Sagrada, o Irocô, etc), não dá para descrever, fazer memória da comunidade que lá vivera, do grande modelo de república democrática que nos deixaram como herança, citando ainda o ideal de desenvolvimento sustentável e de economia solidária que tiveram início ali. Realmente, como disse a primeira dama do município de Palmares: “Palmares é terra da liberdade”. Zumbi, filho de Ogum de Lê e da Oxum, nos impulsiona a abrir novos caminhos, que outros APNs venham celebrar aqui, mais 30 anos.

Sentimos falta de alguns malungos (Bahia e outros), contudo, entendemos os problemas de cada pessoa que as impediram de estar presentes.

Resta-nos agora sentar com todos os malungos e malungas e fazer uma reflexão: Como será doravante? Que compromisso assumiremos?

Em nossas comunidades locais tem de haver sinais claros e evidentes de transformação.

Nós, do Rio de Janeiro, ainda estamos sobre forte vibração da celebração dos 30 anos e, pensando nas conferências de promoção da igualdade racial que deverão acontecer nos municípios e nos Estados até o mês de julho, quando garantiremos políticas públicas para população negra.

O Rio de Janeiro faz agradecimentos à Câmara de Vereadores de Seropédica (Vereador Lucas Dutra e Ball da Farmácia), ao Prefeito Alcir Martinazzo, ao SEPE- RJ, à Deputada Inês Pandeló, ao Luciano da Rede Construir e todos que assinaram o livro de ouro possibilitando a viagem de parte da delegação de Seropédica.



Atenciosamente,



Darci da Penha Pereira
Coordenadora Nacional Núcleo Fé, Política e Diálogo Interreligioso APNs.

Rose Torquato
Coordenadora Nacional de Mulheres APNs.

  
Axé!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Ozenga Palmares

Por: Helcias Pereira
 
 
 
 
 


De repente formou-se uma verdadeira turba, homens, mulheres, idosos, adolescentes, crianças de colo, gente de toda parte... Do sul, do norte, do sudeste, do centro-oeste e do nordeste, mas também de Moçambique, de El Salvador... Gente conhecida e anônima entoando cânticos, batendo palmas, tocando tambor e adjás. Pés pisando forte, outros cadenciando passos, sensações ditosas ao encarar o aclive, arrepiados em pisar o solo sagrado, para sorrir e chorar por seu presente e, sobretudo, por seu passado.

Eram corações pulsantes, alguns deveras acelerados, mentes reflexivas, ansiosas, estonteantes. Essa turba era naturalmente uníssona, reunindo malungos e malungas com o mesmo objetivo: Saudar o herói Zumbi e todos os guerreiros tombados e martirizados, oriundos do quilombo-páscoa ou remanescentes dos quilombos contemporâneos.
 
 
E eis que no brilho encantador das estrelas, o no leve zumbido da brisa constante, ecoou-se por entre às pindoramas dos catolés uma voz feminina a cantar: “Êi Zumbi... Zumbi Ganga meu Rei, você não morreu, você está em mim, você está aqui... Êi Zumbi, seu povo não esqueceu a luta que você deixou pra prosseguir”. Incorporam-se ao coro diversas vozes como a do sacerdote, do ogan, da macota, do griô, dos ativistas e/ou simpatizantes. Todos (as) no caminho da esperança, inspirados para vivenciarem o Ozenga Palmares, o verdadeiro atalho que outrora seria o apogeu da liberdade. 


Choros, suores e sorrisos emaranhados, sofrimentos compactuados em meio aos sonhos e desejos atualizados. E canta-se com sublime harmonia: “Sou de lá de África... se eu não sou de lá os meus pais são de lá, de África... Os meus avós... Os meus ancestrais, são de lá... De África”.


Estávamos todos no platô da Serra da Barriga, acolhidos pelo aconchego do Parque Memorial Quilombo dos Palmares, compartilhando informações, rememorando a história, convocando e reverenciando nossos ancestrais. E viva Zumbi, Dandara, Aqualtune e Acotirene... Viva Ganga-Zumba, Toculo, Acaiúba e Acaiene. Viva Camuaga, Andalaquituche e Banga... Viva! Viva! E hoje: Viva Abdias Nascimento, Heitor Frizott, Toninho, Batista, Albérico e tantos outros. Viva cada guerreiro (a)... Viva o povo afro-brasileiro.


“Êi meu pai quilombo, eu também sou quilombola, a minha luta é todo dia e toda hora... Êi meu pai quilombo, dizem que Zumbi morreu, Zumbi está vivo nos que lutam como eu”... Assim cantavam os APNs, assim se encantava essa malungada nos plenos 30 anos de uma longa caminhada. Pisar o solo sagrado era um sonho que se tornou realidade para muitos que ali estavam. Será um marco histórico que incentivará a outros beberem do axé dos ancestrais. Valeu Povo de Zumbi.





 Helcias Pereira
APN ANAJÔ – AL
Coord. Nac. de Formação dos APNs


segunda-feira, 15 de abril de 2013

Faltam 15 dias


 
São 30 anos de história dos Agentes de Pastorais Negros do Brasil (APNs)! E após 18 anos, desde a última atividade nacional realizada no Estado de Alagoas, vamos repetir a vigília afro "Osenga Palmares" (Atalho para Palmares) e sentir o axé da Serra da Barriga em União dos Palmares. 
Será na madrugada do dia 04 de maio (sábado) e você não pode perder de pisar nesse solo sagrado e ver o sol nascer!
Faltam quinze dias para o nosso evento!

quinta-feira, 14 de março de 2013

APNs do Brasil celebram 30 anos de história e ativismo


Por: Helciane Angélica (*)


            Os Agentes de Pastoral Negros do Brasil (APNs), entidade pertencente ao movimento negro, completam 30 anos de existência no dia 14 de março de 2013. E no período de 1º a 5 de maio, nas cidades alagoanas de Maceió e União dos Palmares, acontecerá a celebração sócio-política, formativa e cultural.

Participarão direta e indiretamente do evento cerca de 800 pessoas: integrantes dos APNs de vários pontos do Brasil, acadêmicos, docentes, pesquisadores, gestores públicos, ativistas de movimentos sociais e convidados internacionais.

De acordo com Nuno Coelho, Coordenador Geral dos APNs, essa atividade contribuirá para o intercâmbio quanto ao pertencimento étnico, renovação de ideais e fortalecimento da entidade. Também mencionou que terá a presença de Guillermo Ponce Morales, Presidente da Associação de Afrohispanos e Secretário Executivo da AFROMADRID 2014, que fará uma explicação detalhada do processo de preparação, objetivos, mecanismos de monitoramento e aplicação da Conferência Mundial sobre a Década dos Afrodescendentes.

Para Helcias Pereira, Coordenador Nacional de Formação dos APNs e Presidente do Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô – entidade alagoana que estar a frente do comitê de organização – o evento representará um marco em Alagoas, já que, a última atividade dessa proporção ocorreu em 1995, durante as festividades dos 300 anos de Zumbi e o XIV Encontro Nacional dos APNs. “Estamos batalhando muito para termos uma celebração à altura da importância da entidade e para acolher os participantes, com a alegria e o calor do povo nordestino. Será um momento de grande visibilidade às expressões sócio-culturais e étnicorraciais do nosso estado, discutir políticas de ações afirmativas em diversos setores, fortalecer o empreendedorismo afro, enaltecer internacionalmente a historicidade do Quilombo dos Palmares e a luta do povo afro-brasileiro”, exaltou.

            Programação

  O evento terá uma ampla programação, composta pelas exposições Xirê do tempo, referente à trajetória da entidade e contextualização política, banners informativos sobre a atuação em cada estado, e, a exposição “África em nós” gentilmente cedida pela Secretaria Estadual de Cultural de São Paulo. Também terá a Noite Oke Odum (A graça do ano), com a homenagem para lideranças da instituição, personalidades e organizações que contribuiram para o desenvolvimento dos APNs; simpósio internacional em parceria com universidades de Alagoas; 1ª Expo Afro; vigília afro na Serra da Barriga com a homenagem aos ancestrais do Quilombo dos Palmares e os líderes contemporâneos (in memoriam); além da festa de encerramento denominada Kizomba Palmarina. Mais informações podem ser adquiridas no blog oficial: www.apns30anos.blogspot.com.br.

 

            Atuação

Os APNs tiveram início com intelectuais negros dentro da Igreja Católica, quando começaram a organização referente à Campanha da Fraternidade de 1988, com o tema “Ouvir o clamor desse povo”, com o enfoque na população afrodescendente e o centenário da Abolição da Escravatura. Atualmente, é uma instituição macroecumênica e apartidária, que tem como missão: “Por meio da organização, conscientização, fé e luta, os agentes propõem ao Estado brasileiro políticas públicas e  ações afirmativas que garantam à população negra o acesso aos direitos e à cidadania”.

Presente em todas as regiões do país, tem mocambos (núcleos de base) espalhados nos estados de Alagoas, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Paraná, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Tocantins; além de estar em processo de articulação com o Ceará e Paraíba.

Tem realizado atividades de formação, empoderamento feminino e juvenil, e ações no combate do racismo, da intolerância religiosa e preconceitos correlatos. Também atua de forma expressiva no Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR) que é vinculado à Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) da Presidência da República do Brasil; no Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea); e participa de conselhos e fóruns em diversas áreas no âmbito municipal e estadual.

 

(*) Jornalista (1102 MTE-AL)

Coordenadora Nacional de Comunicação e Mobilização/APNs

Coordenadora Estadual dos APNs em Alagoas

segunda-feira, 11 de março de 2013

APNs: 30 anos de fé e luta pela Igualdade Racial

Por: Nuno Coelho (*)



Este é um mês particularmente especial para os Agentes de Pastoral Negros do Brasil (APNs). Diante dos desafios cotidianos, por vezes, corremos o risco de não celebrar com a merecida importância a chegada dos nossos 30 anos, que celebraremos quinta-feira, dia 14 de março.
 
Nesta carta mensal resgato um pouco da nossa história e a sua relação frutuosa com o movimento social e a redemocratização do Brasil.

A trajetória dos APNs sempre esteve ligada diretamente a questão da fé como elementos fundamentais para salvaguardar entre outras coisas dos valores do povo negro. Esse elemento, juntamente com sua cosmovisão e práxis solidária, trouxe para a comunidade negra uma rica contribuição. A participação junto às Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) possibilitou que negros e negras podia manifestar sua fé de forma concreta e comprometida e foi a partir daí que se deu a ampliação da consciência dos problemas que afligiam a vida dos empobrecidos e que despontou a questão do racismo e da discriminação racial. A percepção de que a discriminação racial e o racismo agravavam ainda mais a situação da população negra trouxe novos desafios para os negros na Igreja.
 
Ao me preparar para as comemorações dos 30 Anos dos APNs me propus a reler alguns artigos dos nossos fundadores e lideranças, verdadeiras heranças biográficas. Em uma delas me deparei com o diálogo dos fundadores, os padres Batista, Toninho e Edir, no viaduto do Chá, na cidade de São Paulo, sobre a necessidade que na época aparecia como cada vez mais evidente que era de se fazer algum trabalho com os negros e negras atuantes nas igrejas. A partir desta demanda, os três, resolveram então convocar o primeiro encontro com os interessados, não importando de que religião ou denominação cristã pertencessem. Três eram os critérios de participação: viver uma experiência religiosa de fé, ser um agente de pastoral, isto é, ser atuante; e, assumir-se como negro ou negra. O embrião do que seriam os APNs mais tarde estava sendo preparado a partir daquele histórico diálogo.

O encontro ocorrido no Convento dos Carmelitas, na rua Martiniano de Carvalho reuniu oitenta e três pessoas. Algumas coisas ficaram evidentes desde aquele primeiro momento, e uma delas foi a convicção de que um trabalho na perspectiva pastoral com a população negra só pode ser realizada na abertura e na prática ecumênica. Desde este primeiro momento e ao longo dos anos a agenda da entidade foi seguindo um caráter social e político, que foi consolidando os APNs como uma organização social do movimento negro.
 
Como afirma o Pe. Toninho em seus textos, os “APNs na década de 80 eram uma promessa, uma busca, uma interrogação. Hoje é uma realidade, uma presença, não mais uma promessa [...]”. Diferentemente de outros agentes de pastoral, os APNs, segundo o Pe. Toninho cultivam três posturas: a) tomada de consciência quanto a discriminação na sociedade; b) levar o debate sobre a questão do racismo para dentro das Igrejas, despertando-as para a tomada de consciência sobre o racismo internalizado, inclusive em suas práticas e procedimentos; c) alicerçar a luta contra o racismo e a discriminação a partir da experiência fundante de fé de cada integrante.
 
Ao longo destas três décadas os Agentes de Pastoral Negros do Brasil, contribuíram de forma considerável para a política anti-racista e de ação afirmativa no Brasil, dentre as quais podemos destacar as seguintes:

a) 1988 – Centenário da Abolição: abre-se um profícuo debate na nação sobre o resultado dos 100 anos do fim do regime escravista, momento que avaliam as condições socioeconômicas e políticas da população negra, a presença do racismo no Brasil, o uso de instrumentos políticos e ideológicos para manutenção da profunda hierarquia e desigualdade entre brancos e negros. Ao mesmo tempo, revisionamos o oficialismo das narrativas históricas sobre a presença do negro no Brasil, além de intensificar a presença do pensamento do movimento negro e antirracismo na narrativa histórica do Brasil. Nessa fase o mito da democracia racial é rigorosamente colocado em questão de forma massiva e para além dos muros das universidades.
 
b) 1995 – Tricentenário da Imortalidade de zumbi dos Palmares: movimento negro apresenta uma plataforma unificada para o Estado brasileiro e organiza uma caravana nacional para entregá-la à Presidência da República. O Estado reconhece oficialmente a presença do racismo e a necessidade de criar instrumentos políticos e institucionais para combatê-lo.

c) 2001 – Conferência Mundial contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerâncias Correlatas: unificam-se internacionalmente diagnósticos, princípios, diretrizes, estratégias, remédios teóricos, políticos e institucionais para combate ao racismo. Estabelecem as vítimas, a obrigatoriedade da intervenção dos Estados Nacionais para superação do racismo. Prevê reparações às populações vitimadas pelo escravismo e pelo colonialismo. O Brasil, além de signatário da Declaração de Durban e do Plano de Ação foi o grande protagonista desse processo. Governo e sociedade civil tiveram uma participação muito positiva contribuindo para o desfecho da Conferência. A partir de Durban várias propostas do movimento negro ganharam legitimadade.
 
d) 2003 – Instituição da SEPPIR: inicia o processo de maior incidência do Estado na implantação das políticas de igualdade racial: sanciona a Lei 10.639/03; pactua as políticas entre governo e sociedade civil através das Conferências de Igualdade Racial; sanciona o Estatuto da Igualdade Racial; sanciona a Lei de Cotas nas Universidades Públicas Federais. O movimento negro atinge um patamar positivo em matéria de ações afirmativas, eloquentemente prestigiadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). No momento, estamos diante de certo esgotamento e urge pensar novos objetivos, novas pautas e novos métodos para avançar na luta contra o racismo e seus nefastos efeitos. Diante disso, o movimento negro precisa elaborar mecanismos que permitam ampliar a presença de negros e negras nos espaços de poder, no âmbito do estado e da iniciativa privada.
 
Pela mística da negritude, os APNs, resgatam os valores afros, mantendo atitudes de fé e luta, no exercício de construção de um Brasil sem racismo e mais igual para todas e todos. Assim, muitas lutas da negritude têm encontrado no projeto dos APNs uma atenção toda especial.

O ano de 2013 será especial para os APNs. Ao longo deste ano temos que intensificar a luta para consolidar os espaços de poder, garantir as estruturas de promoção da igualdade racial, acompanhar o processo da reforma política, monitorar o Plano Juventude Viva, garantir uma ampla delegação na III CONAPIR e realizar a revisão do nosso plano de ação 2010-2020, entre outras ações.

Às vezes, como seres humanos que somos, escolhemos os caminhos tortuosos e inóspitos que parecem afastar de nossas lutas originárias, de companheiros e de ideais. Depois refazemos o rumo, retomamos a força, buscamos aqueles de quem nos afastamos e renovamos nosso comprometimento com justiça e equidade.
 
Não posso deixar de renovar junto aos nossos Malungos e Malungas o convite para a nossa grande Kizomba em Alagoas junto dos mártires da nossa história e subir a Serra da Barriga para renovar a nossa luta.
 
Esse momento esta sendo construído coletivamente e com muitas emoções, seja pelo resgate da história ou pelas condições políticas do momento. O instante é de desafios, provações, mas também de conquistas de novos espaços e consolidação da nossa agenda.
 
Oxalá nos permita avançar por águas profundas, unir esforços para vislumbrar novos tempos tanto de nossa militância consciente, organizada, com fé viva e garantia de luta.
 
Enfim, os APNs completam 30 anos e renovando a esperança de um futuro sem racismo e de muitas conquistas para a população negra.

 

(*) Nuno Coelho é atualmente coordenador nacional dos Agentes de Pastoral Negros do Brasil e Chefe da Representação Regional da Fundação Cultural Palmares no Estado de São Paulo.
 

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Inicia reforma no Parque Memorial Quilombo dos Palmares


Foto: Helciane Angélica


Atenção, malung@s!

A reforma do Parque Memorial Quilombo dos Palmares localizado no platô da Serra da Barriga em União dos Palmares começou, após, dois meses de atraso. Recebe o acompanhamento da Fundação Cultural Palmares e o Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), e a previsão é que seja concluída em maio de 2013.

Inaugurado em 2007, essa é a primeira reforma no complexo arquitetônico de inspiração africana. Porém, não impede a visitação do público no local que é considerado um solo sagrado e palco da resistência negra no Período Colonial.

De acordo com a construtora responsável, o atraso deve-se a falta de água na região, já que a Lagoa do Negros encontra-se com o nível crítico de água, e o abastecimento é feito de maneira improvisada com caminhões pipa. 

A Coordenação Estadual da celebração dos 30 anos dos APNs em Alagoas espera que o trabalho seja realizado da melhor forma, as dificuldades superadas e que esteja tudo lindo e maravilhoso para o nosso evento: vigília afro e a celebração macro-ecumênica. Axé!



Confira a notícia publicada no G1 Alagoas e a reportagem da Tv Gazeta sobre o assunto

domingo, 8 de abril de 2012

Túnel do tempo: Encontro dos APNs na Serra da Barriga em 1995

A reportagem especial da Revista Missões - Ano XXII, nº9, novembro de 1995 - abordou sobre o XVI Encontro Nacional dos Agentes de Pastoral Negros do Brasil (APNs) em Alagoas. 

Os textos do Pe. Phambu Ngumba Balduino (fazia parte do Grupo Atabaque - de Cultura Negra e Teologia), além de Dagoberto Fonseca e Neide Silva, transmitiram por meio de palavras a força da mística dessa entidade nacional do Movimento Negro e a importância da Serra da Barriga, palco da resistência negra e sede administrativa do Quilombo dos Palmares no período Colonial.


Agradecemos ao malungo João Pio (APN-MG) pelo envio do material, que é um registro histórico sobre essa atividade nacional que foi a última ocorrida em Alagoas, e de muita simbologia para todos que viveram esse momento e continuam fortalecendo a luta. E  se você também tem alguma foto, notícia ou artigo que seja marcante e refere-se sobre a trajetória de 30 anos dos APNsencaminhe para: apnsbrasil@gmail.com.






quinta-feira, 22 de março de 2012

CPT-AL assume parceria nos 30 anos dos APNs

A Coordenadora Estadual dos Agentes de Pastoral Negros do Brasil (APNs) em Alagoas, Helciane Angélica, esteve no dia 15 de março na sede da Comissão Pastoral da Terra em Alagoas (CPT). 

Na ocasião, ela conversou com o Coordenador Carlos Lima sobre a celebração dos 30 anos da entidade nacional vinculada ao Movimento Negro, que ocorrerá no Estado de Alagoas em março de 2013. E aproveitou para convidar a CPT-AL para ser uma das entidades integrantes na estruturação da Feira Afro-cultural e de Economia Solidária em Maceió e na Vigília Afro na Serra da Barriga em União dos Palmares.


Carlos agradeceu o convite e garantiu que a parceria será fortalecida. "Para a feira afro, podemos levar os produtos oriundos do Assentamento Santa Maria Madalena [União dos Palmares], já que as camponesas também são artesãs e fazem objetos de decoração e acessórios com a fibra de taboa. E na vigília, pelo menos um ônibus estará presente com uns 50 camponeses", afirmou. 

Outro ponto de discussão, foi a participação dos APNs na 25ª Romaria da Terra e das Águas, que acontecerá nos dias 03 e 04 de novembro deste ano, na Serra da Barriga em União dos Palmares. Durante 13 anos a Romaria da Terra aconteceu neste local, e com o passar dos anos a caminhada foi crescendo e passou a ser itinerante, com a necessidade de fortalecer a comunidade e denunciar os conflitos agrários. E a cada cinco anos, retorna a esse solo sagrado e berço da luta pela liberdade no Período Colonial.


Histórico


A CPT é uma pastoral social que defende os direitos à terra, água, dignidade humana das famílias camponesas e pela a efetivação da reforma agrária no Brasil. Teve início em 1975 na cidade de Goiânia (GO), e em 1984, Alagoas aderiu ao movimento. Atualmente, existem 21 regionais em todo o país. 


O vínculo nacional entre a CPT e os APNs é histórico e se concretizou nas ações das Comunidades Eclesiais de Base (Cebs) da Igreja Católica. Em Alagoas, a parceria acontece com o Mocambo Anajô através das atividades de formação sobre a resistência negra e a organização sócio-cultural-militar e política do Quilombo dos Palmares. 

quarta-feira, 7 de março de 2012

APNs-Alagoas se encontram com Representação da Fundação Cultural Palmares

Texto: Helciane Angélica (APNs-Alagoas)
Foto: Carlos Roberto (Sindjornal/Cortesia)


Da esquerda para direita: Luna Tavares, Genisete Sarmento, Valdice Gomes e Helciane Angélica
Na tarde dessa segunda-feira (05.03), na sede do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Alagoas (Sindjornal) localizado na cidade de Maceió, ocorreu uma reunião entre as jornalistas Helciane Angélica e Valdice Gomes, com Genisete Sarmento e Luana Tavares do Escritório da Representação Estadual da Fundação Cultural Palmares.
Na ocasião, foi abordado um pouco sobre a trajetória do Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô, realização de atividades de formação, o Palmares in loco (visitas étnicas com explanação histórica e passeio no Parque Memorial Quilombo dos Palmares), além da participação no mês da consciência negra. Mas, o foco central do encontro foi a apresentação do projeto sobre as comemorações do aniversário de 30 anos dos Agentes de Pastoral Negros do Brasil (APNs) e a busca de parceria com o órgão federal vinculado ao Ministério da Cultura.
Também teve no diálogo, perguntas sobre a estrada de acesso a Serra da Barriga e a necessidade de ter a reforma dos espaços contemplativos do Parque. Genisete acredita que até junho desse ano aconteça a reforma, até porque encontra-se um projeto em tramitação no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN); e ainda existe uma emenda parlamentar da bancada alagoana da Câmara Federal que prevê 12 milhões do Ministério da Integração Nacional, para a construção de um terceiro acesso, melhorias e revitalização em toda infra-estrutura do Parque, incluindo restaurante e mirantes, transformando-o em um local seguro para o passeio de turistas e nativos.
As profissionais de comunicação também reforçaram o compromisso na divulgação das ações da Representação Estadual por meio das ferramentas da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-Alagoas): Coluna Axé publicada todas às terças-feiras no jornal Tribuna Independente, o blog http://cojira-al.blogspot.com/ e a página no Twitter @cojiraal.